Pescado

Concorrência e água salgada frustram expectativa de safra melhor do camarão

Pescadores da Colônia Z-3 recolheram as redes uma semana antes de terminar o período de captura

Foto: Carlos Queiroz - DP - Neste ano, os pescadores optaram por recolher as redes mais cedo para diminuir o prejuízo

Às vésperas do início do defeso na Lagoa dos Patos, o clima na Colônia de Pescadores Z-3 é de calmaria. É que os trabalhadores artesanais recolheram as redes uma semana antes. O camarão subiu e sumiu na região, acabando com a esperança de uma boa safra. Até mesmo o que poderia favorecer a captura em grande escala – pouca chuva e a salinidade da lagoa – enganou os pescadores e o camarão se espalhou ao longo da laguna, atraindo eventuais concorrentes. Além disso, fatores como a oscilação de tamanho do crustáceo, baixo valor pago ao pescador e o custo do combustível colaboraram para a avaliação de que foi mais um ano de frustração. A estimativa de safra não é mais divulgada pelo setor, o que se tem é o diagnóstico de novamente não conseguirem formar reserva no caixa. A categoria agora prepara documentos para garantir o seguro-defeso.

“No início do verão, os pescadores estavam com uma expectativa muito boa com relação à safra do camarão, mas em fevereiro, quando abriu o período de captura, perceberam que não seria a esperada”, diz a extensionista rural da Emater Marcia Vesolosquzki, que acompanha de perto o trabalho na Z-3. Já a safra da tainha foi melhor que o esperado, mas o preço pago pelo quilo desmotivou os pescadores.

Quem já organizou as ferramentas de trabalho para nos próximos meses focar na manutenção do barco é Nadir Lima Viegas, 57, que desde os dez anos tira seus sustento da Lagoa dos Patos. Segundo ele, embora a expectativa fosse maior, a safra que termina não foi tão ruim. “Acho que, por a água estar salgada há mais de três anos, ela foi muito longe, quase em Porto Alegre. Então o camarão que vem do oceano, não fica aqui na região, ele segue o curso até onde tem sal, ficando muito longe para capturá-lo”, explica. As condições, segundo Viegas, favoreceram o surgimento da concorrência. “Tem os pescadores de carteira e o pescador de momento. Este último acabou capturando o crustáceo miúdo no início da temporada, impedindo o crescimento ideal. Se fossemos nós, saberíamos que não estava na hora de pescar”, analisa.

Um outro alimento que vem da lagoa e que poderia suprir a demanda da comunidade pesqueira é a tainha, que teve uma boa produção este ano. Mas sempre tem um entrave. “Tá muito barato. Estão pagando R$ 4 pelo quilo, sendo que temos tirado tainha de 1,5 quilo a dois quilos”, exemplifica. Já o preço do camarão, para o pescador, este ano teve uma melhora e ele acredita ser pelo custo elevado do petróleo. “Para comprar o diesel e ter um pouco de lucro, a comercialização ficou em torno de R$ 13 e R$ 14. Mas para o consumidor está chegando a R$ 70.”

Quem também recolheu as redes para não ter mais prejuízo de ficar uma semana em casa e voltar com as caixas vazias foi o pescador Claudinei Lucas Miguel, 54. “A safra não foi tão ruim assim. Vendemos para Santa Catarina e tiramos um troco a mais. Mas poderia ser melhor”, conclui.

Próximos passos

Além de recolher as redes, os próximos meses para as comunidades pesqueiras serão de espera. Enquanto isso, o Sindicato da Colônia de Pescadores Z-3 agiliza o seguro-defeso, orientando os pescadores sobre a documentação. “Esperamos que não precise atualizar nada. Mas, se for necessário, temos a parceria do INSS [Instituto Nacional de Seguridade Social] que pode agilizar o recebimento do benefício. Nossos defesos são requeridos diretamente com o Instituto, através do Acordo de Cooperação Técnica (ACT), facilitando todo o processo de encaminhamento da documentação necessária”, garantwe a secretária Francine Silveira dos Santos. “Na nossa colônia está tudo pronto. Melhorou a documentação pronta no INSS”, diz Nadir Viegas, na esperança de receber o benefício em dia.

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